Pequenos textos listados são:
· Questão pública – Artigo de Ângela Freitas publicado em 24.02.2011 no “O Dia On Line – Opimião” – O artigo sintetiza os trâmites dos projetos de lei desde o ano 2005 até agora, comentando a trajetória dos desfechos e acordos e seus significados para a liberdade e autodeterminação das mulheres sobre sua vida reprodutiva.
· Jogo Rápido - Artigo de Carla Batista publicado em 27/11/10 pela CCR PROSARE Cobertura Temática Textos e Pesquisas-Ciclo de Debates- Links Contato – A autora reflete sobre as conseqüências da repressão do desejo e prazer das mulheres, uma das quais: a violência.
· II Encontro Nacional da AMB e seus eixos de debate
Programação geral para o II EN AMB:
· Chegada das participantes: prevista para o dia 30/03 pela manhã
· Ato Politico/Incidência no Congresso: no dia 30/03para o começo da tarde
· Abertura oficial do encontro: no dia 30/03, ao final do dia
· Encerramento do encontro: no dia 2 de abril, sábado, por volta do meio dia, com saída das caravanas após o almoço
Inscrições:
Tabela da taxa de inscrição individual
· 5,00 – para as mulheres de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Paraíba, Alagoas, Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco.
· 10,00 – para Bahia, Sergipe, Espírito Santo, Tocantins, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina
· 15,00 – para DF, Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo.
· Organizações: Haverá inscrição de organizações (que queiram dar visibilidade a sua presença no encontro). A organização ao se inscrever não paga nada, mas irá inscrever a lista de suas integrantes que irão ao encontro e aí paga a soma total.
Coordenação Executiva Nacional da AMB constitui a Comissão Organizadora do ENAMB e é responsável por impulsionar a organização do Encontro a partir das seguintes comissões (integradas por diversas militantes da AMB):
a) Infraestrutura
b) Metodologia e Temática
c) Mobilização e Comunicação
d) Recursos e Finanças
Para entrar em contato com qualquer uma das comissões, favor escrever para a Secretaria Executiva da AMB:
- Analba Brazão analba_brazao@yahoo.com.br
- Beth Ferreira beferreira1@yahoo.com.br e
- Maria Lúcia Oliveira malu.cunhan@gmail.com
Coletivo de Comunicação: coletivocomunic_amb@googlegroups.com
Fórum Goiano de Mulheres
- Luzia de Oliveira-luzoliveira@yahoo.com.br
- Maria de Fátima Veloso fatimavcunha@gmail.com
- Valkiria Carvalho nacaomaria.retalho@gmail.com
Questão pública
Angela Freitas (socióloga, integrante da Articulação de Mulheres Brasileiras/ Regional Rio)
Rio - Em 2005 o Brasil deu um passo à frente na democratização. Um anteprojeto estabelecendo o direito à interrupção legal da gravidez foi aprovado por Comissão Tripartite (com representantes do Executivo, Legislativo e sociedade civil) e entregue pela então ministra Nilcéa Freire a parlamentares da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara. Este episódio é parte do processo contemporâneo que traz avanços, mas também gera reações contrárias, em particular de caráter religioso.
Em 2008, um projeto de lei pela descriminalização foi rejeitado em duas comissões da Câmara. Paralelamente, o Executivo assinava acordo com o Vaticano estabelecendo vínculos inaceitáveis para um Estado Laico. E no final de 2009, o 3º Programa Nacional de Direitos Humanos foi censurado pela CNBB e por setores evangélicos. O Governo cedeu, retirando do texto o conteúdo que recomendava a descriminalização do aborto.
Nas eleições 2010 a sociedade presenciou novos acordos com segmentos de igrejas, oficiais e de bastidores, que geraram uma pressão sobre valores e questões morais inéditas desde a abertura política. Nesses acordos a liberdade e autodeterminação das mulheres sobre sua vida reprodutiva ficaram em segundo plano, desconsiderando-se direitos já conquistados e garantidos por lei.
Criminalizar o aborto não evita a prática clandestina. Legalizar, por sua vez, não significa obrigar as mulheres a fazer o que não desejam, mas sim regulamentar um procedimento que é comum na sociedade, e que acontece na solidão e insegurança. O Estado brasileiro resiste, preferindo manter a situação de descaso pela vida e saúde das mulheres — na maior parte negras e pobres — que morrem ou ficam com sequelas por práticas inseguras. Precisamos lançar luzes sobre esta questão: olhar de frente os dados e inspirar a necessária mudança legislativa pela ordem da democracia e da razão pública.
JOGO RÁPIDO
Carla Batista (Mestranda do PPGNEIM/ UFBA - Realização Apoio Tecnologia e Internet. In: Página principal A CCR PROSARE Cobertura Temática Textos e Pesquisas-Ciclo de Debates- Links Contato)
LARISSA, QUERIDA!
Eu hoje chorei muito. Eu sei que ninguém tem nada a ver com isso, mas a minha dor foi muito grande quando li no jornal O Globo que uma garota havia sido morta por pancadas do seu pai, porque ela estava namorando em praça pública.
O que aconteceu com ela me remeteu ao que aconteceu comigo aos 12 anos e comecei a namorar com um primo, 6 anos mais velhos que eu. O namoro começou num dia de festa na cidade. Uma cidade do interior de Goiás. A festa era na rua em frente a minha casa, aonde nos encontramos e acabamos nos sentando no seu carro para poder conversar tranquilamente sobre o que sentíamos em relação um ao outro. Estávamos tão encantados, de mãos dadas, que nem percebemos o final da festa. Quando desci do carro minha família já estava me procurando, algumas pessoas nervosas. A ‘fantasia’ geral era que eu tinha ido para a lagoa, lugar proibido porque toda moça que ia namorar ali estava completamente perdida para qualquer possibilidade de casamento.
Parece que havia também uma preocupação em relação a este rapaz com quem eu estava. Talvez por pressentimento, porque nesta época meu primo ainda não era o que veio a ser mais tarde: uma pessoa com várias temporadas na cadeia. Era, naquela época, um rapaz filho da ‘melhor’ classe media da cidade, sempre presenteado com o último carro esporte, estudante do melhor colégio da capital e outras coisas valiosas naquele interior.
Mas o fato é que fui recebida aos gritos e ameaças da chegada do meu pai para me dar um corretivo. Minha memória tem muitas lacunas, mas me lembro que neste dia, sem pressentir o que viria, vesti a minha melhor camisola, que era azul clara, cheia de preguinhas. Possivelmente porque para mim ter começado aquele namoro merecesse algum tipo de comemoração, como vestir a camisola mais linda para dormir! Corte. A lembrança seguinte é de minha mãe, meu irmão mais velho, não sei se outras pessoas estiveram ali sentadas no sofá. Eu, levando uma surra memorável do meu pai. Pontapés, puxões de cabelo, cinturão... tudo o que se possa imaginar de mais bruto. No final de todas as pancadas a minha mais linda camisola azul ficou em frangalhos. Disso e das dores sentidas me lembro bem. E sempre me recordo das pessoas que assistiam a aquele ato de violência. Olhavam atentas, quietas, caladas, aprovando, compartilhando. Eu nunca consegui distinguir o que doía mais em mim em todas estas lembranças.
Eu hoje chorei muito porque esta moça que morreu por estar começando a namorar – que lindo poderia ser na vida de qualquer pessoa! - provavelmente não era uma moça com tanta saúde, resistência e raiva como eu naquele momento. Provavelmente, porque o seu pai foi muitas e muitas mais vezes mais violento que o meu. Não sei o que aconteceu direito porque as notícias complementares ainda virão. Mas me dei, feminista que sou, a pensar em como o desejo e o prazer das mulheres é desde cedo punido, culpabilizado, estraçalhado, transfigurado, eliminado, em último caso. O prazer e tudo o mais que se relaciona a ele. As relações amorosas, os/as filhos desejados ou não, o simples desejo de transar por transar, de mostrar o corpo e se sentir bonita, desejada, etc, etc, etc... Quem sabe apenas a vontade de se sentir segura diante de tantas inseguranças que nos são impostas permanentemente, como formas de dominação e controle. O prazer e o cerceamento dele foram sempre duas experiências vividas de forma concomitantes para a maioria, senão para todas as mulheres.
As instituições todas elas, igreja, família, Estado e para além delas os namoros, as amizades, não estão preparados a permitir e, indo mais além, a estimular todas as nossas possibilidades de vida criativa, construtiva, prazerosa e feliz. Viver com autonomia e ser respeitado/a nas suas escolhas não pode ser incompatível com um projeto de construção democrática no sentido mais amplo: em todos os espaços de convivência nos quais circulamos e atuamos.
No caso de Larissa, considera-se que não houve dolo por parte do pai. Ele não teve o intuito de provocar a sua morte. Eu, diria que ele teve ‘apenas’o intuito de matar o seu desejo, sua vontade de viver com prazer e alegria. Como a vida pode ser vivida sem isso? Como se pode querer que alguém viva sem isso?
Texto enviado pela Coordenação Colegiada do Fórum Goiano de Mulheres em 30,11.2011
O Encontro Nacional da AMB e seus eixos
O ENAMB é uma encontro aberto a todas as mulheres feministas, simpatizantes, colaboradoras, parceiras e aliadas da AMB, além de todas as militantes das organizações que estão nos fóruns, redes, núcleos e articulações estaduais que constituem a AMB e que se identifiquem com os seguintes princípios do ENAMB:
· Respeito à autonomia individual de todas as mulheres e respeito à autonomia e autodeterminação de seus movimentos.
· Defesa da liberdade de expressão e do direito à participação política para todas as mulheres, em igualdade de oportunidades.
· Respeito à diversidade dos saberes das mulheres e defesa do direito à diversidade de expressões políticas decorrentes das diferenças culturais, regionais e étnicas.
· Compromisso e solidariedade com todas as mulheres que lutam por melhores condições para suas vidas, incluindo o direito à propriedade (terra, meios de produção e moradia), direito à autonomia econômica, direito a uma vida sem violência, com liberdade de orientação sexual, direito ao aborto legal e seguro, a uma vida sem racismo, sem homofobia ou qualquer outra forma de discriminação, e direito a um ambiente seguro e saudável.
· Compromisso com a luta contra o sistema capitalista e a política neoliberal, injusta, predatória e insustentável do ponto de vista econômico, social, ambiental e ético.
Os eixos de debates para a preparação do II EN AMB:
Eixo 1 - O jeito que o mundo está e o que queremos transformar
Ø Questões para o debate:
1. Que análises fazemos desses problemas do contexto atual no Brasil, na América Latina e no mundo?
2. Que outros elementos precisamos considerar numa análise feminista de conjuntura?
3. Quais dos problemas e questões da conjuntura devem ser abraçados como desafios do presente para a nossa política feminista na AMB?
Eixo 2- Olhares feministas sobre a situação das mulheres
Ø Questões para o debate:
1. Quais são as expressões do machismo e do racismo na vida cotidiana?
2. Como se expressam na atualidade as novas e velhas formas de exploração e dominação das mulheres, considerando: o racismo, a economia capitalista, o Estado e outras instituições (Igreja, Família, Meios de Comunicação etc)...?
3. Quais as implicações da 'heterossexualidade obrigatória' para a dominação das mulheres?
Eixo 3- Juntando gente para mudar o mundo
Ø Questões para o debate:
1. O que significa fazer movimento social na conjuntura atual (política, econômica, social e cultural), considerando as formas de atuação de cada movimento, sua organização e vida interna?
2. No âmbito dos movimentos de mulheres e feministas, o que nos une e nos diferencia? Como construir alianças e parcerias?
3. Como fortalecer a AMB como movimento social e como sujeito político feminista?
Eixo 4- Nossas lutas feministas
1. Quais frentes de luta que estão consolidadas nos estados?
2. Quais os elementos fundamentais para consolidar um processo de luta na AMB?
3. No contexto atual, quais a lutas prioritárias para a AMB?
Duas artes de cartões postais – com imagens de mobilizações da AMB (veja as imagens abaixo). Os postais podem ser produzidos pelos agrupamentos estaduais e vendidos a pessoas que queiram colaborar com a realização do ENAMB 2011. As artes dos dois postais foram enviadas para a lista articulandoentrenos e comitê político para serem impressos localmente. Os preços de venda dos postais ficarão a critério dos agrupamentos estaduais.
Esses cartões estão sendo comercializados para ajudar na arrecadação de recursos para o ENAMB 2011. Se você tiver interesse, mande uma mensagem que entraremos em contato.
As doações em dinheiro devem ser depositadas na conta do Fundo Nacional do ENAMB (Banco Itaú, Agência 7030, conta corrente 11638-3, em nome da SECRETARIA EXECUTIVA NACIONAL ARTICULAÇÃO BEIJIN 95),
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